O avanço da indústria vidreira e da tecnologia utilizada na fabricação e processamento do vidro definiu um novo status para este material, antes considerado frágil e inseguro. Tal avanço multiplicou as aplicações do vidro no setor da decoração e especialmente na indústria moveleira.
O vidro vem ganhando espaço no mercado moveleiro graças aos atributos inconfundíveis deste material: transparência, brilho e facilidade de limpeza, sendo em muitos casos a única matéria do móvel. A tecnologia fez com que o vidro passasse de um material frágil para algo muito mais resistente e confiável. O tabu da fragilidade foi quebrado com os “vidros de segurança” – temperados, laminados e aramados, que pouco a pouco vem conquistando designers, arquitetos, lojistas e consumidores de maior poder aquisitivo.
No mercado de móveis populares o vidro é uma commoditie que agrega pouco ou nenhum valor ao móvel, sendo facilmente substituído por outros materiais. Centenas de indústrias hoje importam da China chapas de vidro comum 3 ou 4mm, a preço muito baixos.
O risco de quebra do vidro sem têmpera agrava a possibilidade de acidentes e prejuízos, e assim as indústrias moveleiras optam pela utilização das peças de vidro em pequenas dimensões (em portas de cozinhas, racks e estantes).
Nas linhas média e alta o vidro é sinônimo de status e sofisticação, alinhado com as tendências atuais do design mundial. Tampos de mesa, estantes, aparadores, prateleiras, armários, divisórias, camas e até lareiras já exibem o vidro com protagonista. Em muitos casos, além do vidro temperado especifica-se também o vidro laminado, que oferece segurança em caso de quebra e alta resistência a riscos e manchas. No mercado residencial cresce a utilização do vidro serigrafado temperado (como fator de diferenciação da superfície do móvel), enuanto no mercado corporativo o vidro incolor confere leveza e transparência aos ambientes mais sóbrios, proporcionando a sensação de bem estar.
A possibilidade de somar ao vidro uma película protetora foi descoberta na frança, em 1903. O químico Edouard Benedictus, ao manipular um frasco com líquido gelatinoso, deixou-o cair no chão e percebeu que os cacos quebrados ficaram colados à película. Assim nasceu a idéia de protegr as pessoas revestindo vidros com as películas aderentes, implementadas na indústria automotiva na década de 1920.
De acordo com a Abravidro o Brasil conta hoje com 350 temperadores de vidro float, responsáveis pela maior oferta, mais qualidade e eficiência na distribuição. A concorrência entre as indústrias vidreiras derrubou os preços do vidro nos últimos dois anos, e está facilitando a introdução do vidro no mercado moveleiro, a exemplo de países como Itália e EUA. Mas a oferta de vidros para o mercado moveleiro nacional tem muito a evoluir. O vidro curvo, por exemplo, é ainda pouco explorado devido à baixa oferta de moldes de curvatura. Se comparados com a complexidade dos moldes disponíveis na Itália (país líder na produção de móveis com vidros), as peças em vidro curvo aqui disponíveis limitam a criatividade dos designers ou inviabilizam comercialmente os projetos mais arrojados. Por outro lado as indústria vidreiras justificam a oferta restrita de moldes à falta de interesse do setor moveleiro.
Outra dificuldade dos moveleiros em relação ao vidro é a falta de componentes prontos e dispositivos de união entre as partes. As indústrias que utilizam chapas de vidro em larga escala acabam montando uma vidraçaria interna para corte e lapidação de peças. A indústria vidreira ainda não despertou para a possibilidade de oferecer componentes prontos, já cortados, nas medidas padrão do mobiliário. Neste caso os projetistas de móveis adaptariam seus projetos aos componentes de vidro, tal como acontece com tampos, portas e gavetas prontas disponíveis em MDF e MDP, por exemplo.
A baixa oferta de ferragens e dispositivos de união é outro impedimento para que o vidro seja mais utilizado na indústria moveleira. E citando novamente as indústrias de móveis italianas, que investem no desenvolvimento de ferragens exclusivas, observamos um grande potencial de negócios. Empresas italianas de pequeno e médio porte desenham e encomendam para pequenas oficinas seus próprios conectores, articuladores e puxadores em latão polido e cromado. Esta ação garante o diferencial das empresas e de seus produtos, mais valorizados no mercado.
Neste momento histórico, época em que os projetos focados na sustentabilidade ganham grande ênfase, os vidros representam um forte argumento de projeto e de venda: são 100% recicláveis e apresentam um longo ciclo de vida que poupa o meio ambiente.
*fonte: RG Móvel
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